domingo, 9 de junho de 2013

Gangorra

Será que a vida é assim mesmo, esse eterno leva e traz, como a ressaca do mar, ou com altos e baixos, como uma gangorra? Hoje foi um dia em que pensei sobre isso. Acontecimentos bons e ruins misturados, sem a possibilidade de separá-los, pois um anularia o outro. Talvez a pior parte seja, exatamente, administrar isso e entender e aceitar o sabor agridoce a que somos submetidos. Pessoas nos deixam sem explicação aparente; outras entram em sua vida trazendo novidades e resgatando antigos sonhos. Não há como explicar, nem como entender, e o jeito é limitar-se a aceitar e a deixar que o rio corra serenamente.

Rompimentos, fortalecimento de laços, redescoberta de sonhos escondidos, ponderação, moderação, confiança, resignação, luta, coragem e muito mais. Foi o resultado do dia de hoje.

"Row, row, row your boat gently down the stream...". Someday I'll find a place and I'll know it's there. It doesn't mean this place is a real place, but maybe it's a peace of mind, wanted for so long...

sábado, 8 de junho de 2013

Repensando

Há quase um mês, escrevi algo numa rede social e lembrei-me disso ontem, pois gostaria que também estivesse aqui no blog. Escrevi pensando numa pessoa que conheci e que tenho a oportunidade de conhecer mais e mais a cada dia. Pessoas são especiais, especialmente quando nos tocam e fazem com que pensemos (e repensemos) sobre muitos assuntos da nossa vida... Aí vai o texto, escrito em 18 de maio:

Hoje pude repensar muitas coisas... Mesmo que olhemos para uma mesma paisagem e a percebamos de modo diferente, falar sobre isso, às vezes, faz com que nossa percepção se altere. Uma cor que não percebemos antes, uma árvore no meio do caminho, um pássaro que voa do outro lado: detalhes que não víamos antes de uma outra pessoa mostrá-los. Muitas vezes, estamos com nossa visão estacionada, fixa em um ponto, variando muito pouco na percepção do entorno e sequer notamos que há outros pontos a serem observados (e sentidos). Estou pensativa e reflexiva. Muitos contribuíram para isso hoje, mas uma pessoa, em especial, fez toda a diferença. Ainda bem que nossas lições são constantes. Grata aos professores nossos de cada dia...

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Humanos

Seres humanos não são textos "corretos" de português, com coerência e coesão. Seres humanos são falhos, imprevisíveis e, muitas vezes, ilógicos. É preciso aprender a lidar com isso e ficar preparado para as surpresas. Ninguém deveria viver pelas expectativas alheias. Viver a própria vida, com o que ela traz de dor e de alívio, já é uma tarefa árdua, e ninguém é capaz de medir o que se passa no outro. Cobrar comportamentos e fazer julgamentos é como gritar para o eco ou apontar o dedo para o espelho.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

17

Chocada. Passada. Meio sem reação. A vida é tênue, é rara. Uma vida é tomada, de forma brutal, e nos deixa assim, sem saber o que dizer, o que pensar, o que sentir... Alguém tão jovem, bonito, alegre... Pensei nele no feriado, imaginando se o veria novamente, se escutaria sua risada, se conversaríamos... Hoje tive a resposta: não. Não o verei novamente, não escutarei sua risada, não conversaremos... Não era essa a resposta que eu queria ouvir! Sua voz meiga, de menino doce, já não diz mais nada... Seu nome, tão significativo para mim, é mais um nas estatísticas... Que forma brutal encontraram para tirá-lo deste mundo! 17 anos! É pouco tempo! Havia muito ainda a ser vivido! Como já ouvi alguém dizer uma vez, repito, com o coração doído e com um nó na garganta: eu já tive a idade dele, mas ele nunca terá a minha...

sábado, 1 de junho de 2013

Espelho

"Espelho quebrado: sete anos de azar". De tanto ouvir essa frase, manuseamos espelhos com o maior cuidado, pois não queremos ter anos de azar, certo? Será somente uma superstição ou uma forma de sermos cautelosos com objetos valiosos? Será que não é uma forma de valorizarmos nossa vaidade? Quando quebramos um espelho, quebramos nossa imagem, nosso reflexo. Fica tudo espatifado e disforme, sem uma identificação precisa. Fiquei pensando se quebrar um espelho não seria um "bom sinal". Desfazer-me daquela velha imagem de mim mesma, de ver sempre minha imagem refletida da mesma forma, de sempre esperar aquele olhar surpreso e aquele sorriso ao olhar para aquele canto da parede. O espelho não está mais lá, meu outro eu não sorri mais para mim. O que a queda do espelho pode ter a ver com azar? Será que quebrá-lo, de propósito, é que causa a tal má sorte? Talvez não gostar da própria imagem faça com que isso cause um mal-estar tal que pode até ser confundido com azar, afinal, quebrar o próprio reflexo e não aceitar o que se vê pode causar uma "má sorte" danada! Mesmo assim, de propósito ou não, o fato de o espelho estar quebrado pode ser algo bom. Não estar satisfeito com a própria imagem ou estar acostumado demais com ela pode causar um sofrimento e um conformismo que não nos impulsionam a mudar. As mudanças são necessárias e, muitas vezes, impostas. Nada imposto pelo outro é bom, mas eu me refiro a imposições próprias, da vida, do que estamos vivendo, do nosso processo. A imagem no espelho é nossa e sempre será. Ao quebrá-lo, só haverá a lembrança de nós mesmos. Reconstruir essa imagem dentro de si é tarefa árdua e ininterrupta.

O espelho foi quebrado. Minha imagem se foi junto com os cacos, mas meu eu está aqui, indo a todo lugar. Que tipo de imagem estou refletindo no mundo? De quantos espelhos é feita a vida? Quantos olhares me olham e não veem? Quantos reflexos são dissipados com uma mísera pedra lançada no espelho do lago?

Azar? Só se for o de não me reencontrar, mesmo sem o espelho.