domingo, 21 de maio de 2017

Dança

Você chegou de surpresa e me viu – ou melhor, conseguiu me enxergar claramente. Foi como se um holofote tivesse sido colocado em mim: fiquei em destaque, ainda que eu estivesse tentando me esconder. Será que você viu em mim a energia que eu tentava emanar (apesar de, ao mesmo tempo e paradoxalmente, tentar me esconder)? Minutos antes, eu dançava e me libertava de toda a tormenta mental de dias anteriores: lembranças ruins e conversas com pessoas que não significam mais como antes. Naquele momento, ninguém estava ali, nem todo aquele trauma de situações pesadas vividas em terras longínquas. Eu me divertia genuinamente, sem preocupações, livre, como há tempos não me sentia. Aí você chegou. Viu algo em mim - talvez essa faísca de liberdade, esse desejo enorme de revolucionar. Você veio e me tirou para dançar, sem ao menos saber meu nome ou se eu falava a mesma língua. Fiquei apreensiva, mas me entreguei àquele momento – e foi uma das melhores decisões que tomei nesses últimos dias. Obrigada por esse momento significativo. Você me fez ver que estou viva, de várias formas. Você reacendeu o que estava adormecido e me fez ter certeza de que instantes assim valem a pena. Se vai continuar? Só o tempo para dizer – e mais danças como aquela...

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Religiosidade

Algumas pessoas não sentem necessidade de uma vida espiritual. Alguns não veem lógica, não têm vontade, enfim, não sentem nada transcendental ao seu redor ou em sua existência. Muita gente se diz religioso, seja lá qual denominação for, mas não segue os preceitos daquela religião. Acho que é como dizer que se é vegetariano, mas sentir vontade de comer carne - e, às vezes, até comer, mesmo. Se alguém é vegetariano, é porque acredita em alguns princípios e acha que não deve mais comer carne, e não afirmar que não come porque o que ele segue "não permite". Muita gente diz isso, "minha religião não permite". Como diz a frase de Chagdud Tulku Rinpoche: "se alguém precisa de religião para ser bom, a pessoa não é boa, é um cão adestrado"! Essas coisas a pessoa sente. Se alguém não sente, então não deve mesmo ser religioso. Quer saber? Não há mal algum nisso! Se você é ateu, se não acredita em nada, se não quer se guiar por alguns princípios de forma obrigatória, ótimo! Que seja respeitado por isso. Se você é religioso e acredita em algo, ou em muita coisa, ótimo! Que também seja respeitado por isso. Não podemos é brigar com algo dentro de nós: ser religioso de maneira forçada porque foi criado assim ou lutar contra o que sente só para se adequar a um meio científico. Seja ateu, seja religioso, mas seja você! Quando as outras pessoas entenderem o que faz de você o que você é, vão respeitar e aceitar. Não negue sua espiritualidade ou a falta dela só porque você é cobrado pela sociedade/família/amigos de alguma forma. Quer seja ateu convicto ou religioso fervoroso, não seja meio termo: seja por inteiro.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Meu país

Postei hoje numa rede social, mas acho que vale a pena ficar registrado aqui...

"Meu país é lindo. O Cruzeiro do Sul, visto daqui, é algo que me encanta todas as noites. Com todos os defeitos que possa ter, o Brasil é meu país. Nada vai mudar isso. Estou muito triste com o que acontece nos últimos tempos, vendo a população se dividir e se digladiar em debates que desgastam até mesmo as relações interpessoais. Aceitamos as opiniões divergentes, mas é triste ver que algumas delas são desprovidas de um pensamento crítico. Para quem pensa que está bem embasado nas convicções, parabéns! O problema é que vejo um caos instaurado: ataques gratuitos e defesas de pontos de vista que não se pautam numa análise crítica. Ainda há muito a ser mudado, e vejo a luta de muitos ir pelo ralo do descaso e do abafamento. Vejo discursos, brigas e discussões em vez de um caminhar comum rumo a uma possível resolução. O povo precisa se unir, e não se dividir. Os vários posicionamentos, e até a falta deles, tem feito com que as coisas continuem sem uma perspectiva. Isso dá desesperança, essa desunião. Enquanto isso, somos impelidos a assistir a tudo de dentro da arena, pois, desse “panis et circenses”, não estamos na plateia, e sim sendo devorados por feras e servindo de atração para oportunistas políticos."