terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Haydée

Trecho (quase final) de "O Conde de Monte Cristo", de Alexandre Dumas.


- Amas-me então?

[...]

O conde sentiu o peito dilatar-se-lhe, e com ele o coração. Abriu os braços e Haydée soltou um grito e lançou-se neles.

- Oh, sim, amo-te! - exclamou a jovem. - Amo-te como se ama um pai, um irmão e um marido! Amo-te como se ama a vida, como se ama Deus, porque és para mim o mais belo, o melhor e o maior dos seres da criação!

- Seja então feita a tua vontade, meu anjo querido - respondeu o conde. - Deus, que me instigou contra os meus inimigos e me tornou vingador, Deus, bem o vejo, não quer que haja arrependimento no fim da minha vitória. Queria castigar-me; Deus quer perdoar-me. Ama-me, pois, Haydée! Quem sabe, talvez o teu amor me faça esquecer o que devo esquecer.

- Que queres dizer com isso, meu senhor? - perguntou a jovem.

- Quero dizer que uma palavra tua, Haydée, me esclareceu mais do que vinte anos da minha lenta aprendizagem. Só te tenho a ti no mundo, Haydée; por ti volto a prender-me à vida, por ti posso sofrer, por ti posso ser feliz.

[...]

- Entrevi a verdade? Meu Deus, não importa! Recompensa ou castigo, aceito o meu destino. Vem, Haydée, vem...