terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Haydée

Trecho (quase final) de "O Conde de Monte Cristo", de Alexandre Dumas.


- Amas-me então?

[...]

O conde sentiu o peito dilatar-se-lhe, e com ele o coração. Abriu os braços e Haydée soltou um grito e lançou-se neles.

- Oh, sim, amo-te! - exclamou a jovem. - Amo-te como se ama um pai, um irmão e um marido! Amo-te como se ama a vida, como se ama Deus, porque és para mim o mais belo, o melhor e o maior dos seres da criação!

- Seja então feita a tua vontade, meu anjo querido - respondeu o conde. - Deus, que me instigou contra os meus inimigos e me tornou vingador, Deus, bem o vejo, não quer que haja arrependimento no fim da minha vitória. Queria castigar-me; Deus quer perdoar-me. Ama-me, pois, Haydée! Quem sabe, talvez o teu amor me faça esquecer o que devo esquecer.

- Que queres dizer com isso, meu senhor? - perguntou a jovem.

- Quero dizer que uma palavra tua, Haydée, me esclareceu mais do que vinte anos da minha lenta aprendizagem. Só te tenho a ti no mundo, Haydée; por ti volto a prender-me à vida, por ti posso sofrer, por ti posso ser feliz.

[...]

- Entrevi a verdade? Meu Deus, não importa! Recompensa ou castigo, aceito o meu destino. Vem, Haydée, vem...

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Moon

A field of cotton

A field of cotton --
as if the moon
     had flowered.

By 松尾芭蕉 (Matsuo Basho)

(translated by Robert Hass)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Blake

To see a world in a grain of sand,
And a heaven in a wild flower,
Hold infinity in the palm of your hand,
And eternity in an hour. 

From "Auguries of Innocence", William Blake.

sábado, 9 de novembro de 2013

Versinhos

Versos Íntimos
Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

domingo, 3 de novembro de 2013

Silenciosamente

Certas coisas
Lulu Santos

Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...

Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...

Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...

A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...

Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...

Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz,
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Professores

Vamos comemorar o dia de hoje? Lembremo-nos dos que tentam transmitir conteúdos que os alunos consideram inúteis; dos que vão às ruas por melhores condições e são massacrados por isso; dos que trabalham em vários turnos para ter o suficiente para a família; dos que passam horas em casa se aprimorando; dos que gastam anos de estudo para terem melhores salários; dos que "tremem" quando os alunos perguntam o que ele/ela não sabem (e ele/ela não precisam saber tudo); dos que sofrem de Burnout, LER/DORT, calos/pólipos nas cordas vocais e tomam remédios para que consigam chegar ao fim do ano; dos que, com essas e muitas outras, ainda ouvem dizer que a vida deles é moleza: é só chegar ali na frente, dizer umas palavrinhas e pronto - férias em julho e janeiro! Parabéns a você, que conseguiu ler tudo isso e pensou um pouco nessas pessoas que, por amor ou por dor, estão, todos os dias, tentando construir, com as palavras, um país e um mundo melhor. Se fosse só pelo dinheiro, ninguém estaria nessa profissão. Lecionar vai além disso. Vá além você também!

Feliz Dia do Professor!

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Simples

Outro post de rede social. Ainda não "bombou", e nem sei se vai, mas eu quis reproduzir aqui no blog. Depois vou até escrever um post maior sobre o assunto:

Eu já achei que coisas muito elaboradas me fariam mais feliz que outras, mas, quando coisas simples foram tiradas de mim, eu realmente soube o que é sentir falta de algo... É a velha frase: "eu era feliz e não sabia". Felizmente, temos a chance de construir algo novo todos os dias e, apesar das duras lições, aprender a valorizar o simples em detrimento do elaborado. Muitos podem não entender algumas falas e comportamentos, mas pelo menos estou bem comigo mesma, buscando ver e apreciar o que antes era ignorado ou pouco apreciado.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Generalizar

Escrevi um post numa rede social e o povo gostou tanto que resolvi gravá-lo aqui. Pelo jeito, foi uma "bomba de efeito moral"! Hahahahahahaha...

Detesto essas generalizações de que "toda mulher gosta disso" ou "todo homem gosta daquilo". Não existe isso! Ou melhor, existe, mas algumas pessoas não conseguem ver que foram induzidas a isso, pois nossos papéis na sociedade "precisam" estar bem marcados. Há propósitos, sabia? Nada é por acaso assim... Parece conspiratório? Sim, mas ao menos eu penso sobre isso e não fico afirmando que isso existe desde que nascemos, que nos é intrínseco, como se não sofrêssemos todo um processo para chegarmos a tal ponto.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Moral

"Bombas de efeito moral". Que moral? Aquela que diz que as moças precisam ser recatadas? Aquela que diz que a família tem que ser mamãe, papai e filhinhos? Aquela que diz que devemos calar a boca e obedecer, senão é falta de respeito? Efeito moral é quando alguém me devolve o troco certo; é quando alguém dá lugar no ônibus a quem tem esse direito; é quando eu não uso o "jeitinho" para me dar bem. Efeito moral da polícia é deixar pessoas lacrimejando ou passando mal?? Isso já acontece por aí! Chorar de raiva ou de tristeza por condições precárias de saúde e educação! Passar mal por não ter atendimento adequado! Não é preciso jogar bombas para isso! Enfrentamos violência todos os dias ao vermos nossos direitos desrespeitados! Não é necessário que haja mais opressão!

domingo, 9 de junho de 2013

Gangorra

Será que a vida é assim mesmo, esse eterno leva e traz, como a ressaca do mar, ou com altos e baixos, como uma gangorra? Hoje foi um dia em que pensei sobre isso. Acontecimentos bons e ruins misturados, sem a possibilidade de separá-los, pois um anularia o outro. Talvez a pior parte seja, exatamente, administrar isso e entender e aceitar o sabor agridoce a que somos submetidos. Pessoas nos deixam sem explicação aparente; outras entram em sua vida trazendo novidades e resgatando antigos sonhos. Não há como explicar, nem como entender, e o jeito é limitar-se a aceitar e a deixar que o rio corra serenamente.

Rompimentos, fortalecimento de laços, redescoberta de sonhos escondidos, ponderação, moderação, confiança, resignação, luta, coragem e muito mais. Foi o resultado do dia de hoje.

"Row, row, row your boat gently down the stream...". Someday I'll find a place and I'll know it's there. It doesn't mean this place is a real place, but maybe it's a peace of mind, wanted for so long...

sábado, 8 de junho de 2013

Repensando

Há quase um mês, escrevi algo numa rede social e lembrei-me disso ontem, pois gostaria que também estivesse aqui no blog. Escrevi pensando numa pessoa que conheci e que tenho a oportunidade de conhecer mais e mais a cada dia. Pessoas são especiais, especialmente quando nos tocam e fazem com que pensemos (e repensemos) sobre muitos assuntos da nossa vida... Aí vai o texto, escrito em 18 de maio:

Hoje pude repensar muitas coisas... Mesmo que olhemos para uma mesma paisagem e a percebamos de modo diferente, falar sobre isso, às vezes, faz com que nossa percepção se altere. Uma cor que não percebemos antes, uma árvore no meio do caminho, um pássaro que voa do outro lado: detalhes que não víamos antes de uma outra pessoa mostrá-los. Muitas vezes, estamos com nossa visão estacionada, fixa em um ponto, variando muito pouco na percepção do entorno e sequer notamos que há outros pontos a serem observados (e sentidos). Estou pensativa e reflexiva. Muitos contribuíram para isso hoje, mas uma pessoa, em especial, fez toda a diferença. Ainda bem que nossas lições são constantes. Grata aos professores nossos de cada dia...

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Humanos

Seres humanos não são textos "corretos" de português, com coerência e coesão. Seres humanos são falhos, imprevisíveis e, muitas vezes, ilógicos. É preciso aprender a lidar com isso e ficar preparado para as surpresas. Ninguém deveria viver pelas expectativas alheias. Viver a própria vida, com o que ela traz de dor e de alívio, já é uma tarefa árdua, e ninguém é capaz de medir o que se passa no outro. Cobrar comportamentos e fazer julgamentos é como gritar para o eco ou apontar o dedo para o espelho.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

17

Chocada. Passada. Meio sem reação. A vida é tênue, é rara. Uma vida é tomada, de forma brutal, e nos deixa assim, sem saber o que dizer, o que pensar, o que sentir... Alguém tão jovem, bonito, alegre... Pensei nele no feriado, imaginando se o veria novamente, se escutaria sua risada, se conversaríamos... Hoje tive a resposta: não. Não o verei novamente, não escutarei sua risada, não conversaremos... Não era essa a resposta que eu queria ouvir! Sua voz meiga, de menino doce, já não diz mais nada... Seu nome, tão significativo para mim, é mais um nas estatísticas... Que forma brutal encontraram para tirá-lo deste mundo! 17 anos! É pouco tempo! Havia muito ainda a ser vivido! Como já ouvi alguém dizer uma vez, repito, com o coração doído e com um nó na garganta: eu já tive a idade dele, mas ele nunca terá a minha...

sábado, 1 de junho de 2013

Espelho

"Espelho quebrado: sete anos de azar". De tanto ouvir essa frase, manuseamos espelhos com o maior cuidado, pois não queremos ter anos de azar, certo? Será somente uma superstição ou uma forma de sermos cautelosos com objetos valiosos? Será que não é uma forma de valorizarmos nossa vaidade? Quando quebramos um espelho, quebramos nossa imagem, nosso reflexo. Fica tudo espatifado e disforme, sem uma identificação precisa. Fiquei pensando se quebrar um espelho não seria um "bom sinal". Desfazer-me daquela velha imagem de mim mesma, de ver sempre minha imagem refletida da mesma forma, de sempre esperar aquele olhar surpreso e aquele sorriso ao olhar para aquele canto da parede. O espelho não está mais lá, meu outro eu não sorri mais para mim. O que a queda do espelho pode ter a ver com azar? Será que quebrá-lo, de propósito, é que causa a tal má sorte? Talvez não gostar da própria imagem faça com que isso cause um mal-estar tal que pode até ser confundido com azar, afinal, quebrar o próprio reflexo e não aceitar o que se vê pode causar uma "má sorte" danada! Mesmo assim, de propósito ou não, o fato de o espelho estar quebrado pode ser algo bom. Não estar satisfeito com a própria imagem ou estar acostumado demais com ela pode causar um sofrimento e um conformismo que não nos impulsionam a mudar. As mudanças são necessárias e, muitas vezes, impostas. Nada imposto pelo outro é bom, mas eu me refiro a imposições próprias, da vida, do que estamos vivendo, do nosso processo. A imagem no espelho é nossa e sempre será. Ao quebrá-lo, só haverá a lembrança de nós mesmos. Reconstruir essa imagem dentro de si é tarefa árdua e ininterrupta.

O espelho foi quebrado. Minha imagem se foi junto com os cacos, mas meu eu está aqui, indo a todo lugar. Que tipo de imagem estou refletindo no mundo? De quantos espelhos é feita a vida? Quantos olhares me olham e não veem? Quantos reflexos são dissipados com uma mísera pedra lançada no espelho do lago?

Azar? Só se for o de não me reencontrar, mesmo sem o espelho.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Talvez

Talvez PAZ seja isto: não apressar nada, ocupar-se de uma coisa enquanto espera outra, amar sem se preocupar se é amado, não cobrar posturas alheias, enfim, viver, caminhar e seguir, deixando a ansiedade ir embora pelo caminho oposto.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Te quiero

Te quiero
Mario Benedetti

Tus manos son mi caricia
Mis acordes cotidianos
Te quiero porque tus manos
Trabajan por la justicia.

Si te quiero es porque sos
Mi amor, mi cómplice y todo
Y en la calle, codo a codo,
Somos mucho más que dos.

Tus ojos son mi conjuro
Contra la mala jornada
Te quiero por tu mirada
Que mira y siembra futuro.

Tu boca que es tuya y mía
Tu boca no se equivoca
Te quiero porque tu boca
Sabe gritar rebeldía.

Si te quiero es porque sos
Mi amor, mi cómplice y todo
Y en la calle, codo a codo,
Somos mucho más que dos.

Y por tu rostro sincero
Y tu paso vagabundo
Y tu llanto por el mundo
Porque sos pueblo, te quiero.

Y porque amor no es aureola
Ni cándida moraleja
Y porque somos pareja
Que sabe que no está sola.

Te quiero en mi paraíso
Es decir que en mi país
La gente viva feliz
Aunque no tenga permiso.

Si te quiero es porque sos
Mi amor, mi cómplice y todo
Y en la calle, codo a codo,
Somos mucho más que dos.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Esmalte


Sabe aquele esmalte nas minhas unhas do pé? Eu tirei, meu bem. Não estava usando por vaidade, mas para esconder uns roxos que ganhei nas unhas. Aliás, esconder é algo que faço muito, baby. Como diz uma música de que gosto bastante, "eu sei que é difícil manter um coração aberto mesmo quando os amigos parecem machucar você". Foram muitos anos sendo magoada, darling, de diversas formas. Sabe o que vejo agora? As pessoas magoam, mesmo. Cada ser humano é único, todos temos problemas e não temos o "manual de instruções" de todas as pessoas. Tentamos conviver, tentamos interagir, tentamos amar, tentamos compreender, só que cada um faz do jeito que sabe, a seu modo, levando em conta o que é e o que viveu. Não é preciso ter medo de ser magoado pelos amigos, pelos familiares, pela vida. Isso não invalida o amor que eles sentem, e isso não quer dizer que eles não estão tentando de todo o coração. As pessoas vão estar conosco, vão nos amar, vão nos abandonar, vão se aproximar, vão se afastar, mas é porque cada um está vivendo sua loucura particular e não é fácil conciliar.

Medo. Isso tira muitas possibilidades, tira a potência da vida. Ele é importante em algumas situações, mas não podemos ficar viciados nele, my dear. Ele impede momentos lindos, inclusive esses, de se abrir para o mundo sem se preocupar em ser sincero demais, em dizer o que pensa, mesmo que fiquemos sozinhos. O importante é estar em paz com você mesmo, sabendo, ao menos suficientemente, quem você é, sweetheart. Não minto, mas omito, exatamente pelo medo do julgamento alheio. Querem me julgar? Não posso controlar isso, então tentarei não me omitir mais. Cansei de me esconder embaixo da cama, ou atrás das pessoas, ou atrás de um escudo enorme, miei cari!

Os roxos nas unhas? Resquícios de uma viagem maravilhosa que fiz em dezembro. Andei demais, usando duas ou três meias e uma bota. Andei o dia todo. Deslumbrei-me. Vi lugares que antes só existiam em fotos e em filmes para mim. Os dedos ficaram inchados e ganhei roxos por debaixo das unhas. Ainda bem que elas não caíram, mas inventei de passar esmalte para que as pessoas não achassem aquilo feio. Feio, chéri? Como as lembranças, marcas e cicatrizes de uma viagem linda, suada e bem-aproveitada podem ficar escondidas assim? Vou partir para extremos: da vergonha, vou para o orgulho de ter ido e ostentarei meus roxos como prova de que fui, vi e venci.

O esmalte era só mais uma máscara das tantas que ainda uso, e que sei que todos nós usamos. Não há como se livrar de todas, mas, enquanto houver acetona, muitos esmaltes podem ser removidos. Chega de esconderijos. As pessoas amam, odeiam, apegam-se, desprezam, julgam, entendem, independente do que você mostrar. Pretendo me mostrar mais como sou, então, mes amis. Agindo assim, os sinceros também se aproximarão e, mesmo que saiam faíscas, ao menos ninguém foi enganado nesse processo.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Brothers

Brothers In Arms
by Mark Knopfler
Dire Straits

These mist covered mountains
Are a home now for me
But my home is the lowlands
And always will be

Someday you'll return to
Your valleys and your farms
And you'll no longer burn
To be brothers in arms

Through these fields of destruction
Baptisms of fire
I've witnessed your suffering
As the battles raged higher

And though they did hurt me so bad
In the fear and alarm
You did not desert me
My brothers in arms

There's so many different worlds
So many different suns
And we have just one world
But we live in different ones

Now the sun's gone to hell
And the moon's riding high
Let me bid you farewell
Every man has to die

But it's written in the starlight
And every line on your palm
We're fools to make war
On our brothers in arms...

terça-feira, 16 de abril de 2013

terça-feira, 9 de abril de 2013

Nós

Estou aqui pensando em nós. Eu e você. Você e eu. Eu, aqui; você, aí. Cada um no seu lugar, cada um no seu quadrado, que é essa tela de computador. Dividimos pensamentos, partilhamos sentimentos. Estamos "linkados", mas a que preço? A distância continua. Eu continuo aqui, você continua aí. Será que no face a face, e não no facebook, seria diferente? Diríamos as mesmas coisas? Expressaríamos nossas opiniões da mesma forma? Ao menos eu estaria falando só com você, e não com várias janelas que pulam na tela, ou mil atualizações do feed de notícias (além das páginas sendo pesquisadas na internet, um possível MSN aberto, GTalk, Skype...). Olharíamos nos olhos, sentiríamos nossa pele, ouviríamos nossas vozes, apreciaríamos nossas risadas, enxugaríamos nossas lágrimas... Tudo isso é muito singular. É único. E só é partilhado ao vivo. O virtual é apenas um recurso para amenizar a impossibilidade do encontro, mas digam-me: por que a maioria dos amigos que temos são exatamente aqueles que moram perto de nós?

Continuo aqui pensando em nós: em mim, em você e em todos nós (e em todos os nós). Eu poderia estar aí; você poderia estar aqui. Por que estamos todos online se poderíamos estar lá fora, aproveitando cada segundo de nossa efêmera, tênue e doce vida? Se eu sair do virtual, deixo de existir para você? Se você sair, deixará de existir para mim? A pergunta fica, e a possibilidade do encontro, também.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Quatro

As pessoas dizem que há diferenças entre amor e paixão. Fiquei pensando nisso esses dias. A definição usual diz que paixões são arrebatadoras, deixam você em estado de êxtase e duram pouco tempo, enquanto o amor é mais suave, sereno e dura mais tempo. Não sei se é assim. Se é assim, quando digo que tenho três paixões "básicas", elas não poderiam ser classificadas como paixões, pois me deixam bem, são suaves, serenas e duram há muito tempo. Em contrapartida, são arrebatadoras e me tiram do chão. Não estou falando de pessoas. São três coisas que amo (ou sou apaixonada?) e que me fazem sentir das duas maneiras. Há uma quarta. Não que eu a esqueci, mas é que ela é tão parte de mim que eu nem a considero separadamente. É como estar envolvida completamente com ela. Essas quatro coisas chegaram à minha vida uma a uma, mas quase ao mesmo tempo. Foi uma época de descoberta e as quatro se entrelaçaram. Queria misturá-las e fazer minha vida com base nelas. Já pensei que isso não seria possível, que elas eram incompatíveis, mas acho que ainda há uma esperança...

Uma me enleva; a outra me fascina; a terceira me empolga; a quarta me completa. Êxtase; contemplação; comunicação; expressão.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Interiores

Lutas diárias. Lutas interiores. É difícil lidar com situações parecidas todos os dias, mas pior ainda é lutar com algumas coisas que insistem em permanecer dentro de nós. Fico aí, falando da minha mudança para todos, mas, às vezes, voltam alguns pensamentos. Volta essa ansiedade. Nessa hora, eu penso, "mas sou humana. É normal voltar atrás". Sim, é normal, até porque ficar controlando muito só piora. É preciso buscar um equilíbrio entre vigiar meus comportamentos repetitivos e deixar-me levar pela mudança que vem se manifestando. Quando penso muito nisso, aí vejo que é pior, que as coisas desandam, que acabo tendo "recaídas" e o fluxo fica preso. Eu sei o que acontece e sei como resolver, mas, às vezes, parece mais cômodo que eu me comporte da maneira antiga. É mais fácil, né? É o modo padrão, já conhecido; mas não! Se estou buscando as mudanças, se me propus a isso, se já vejo acontecer, então tenho que continuar. Não há como voltar atrás. Não quero voltar atrás. Já dei vários passos numa nova direção. Gosto do novo jeito e não quero voltar a me comportar como antes. Preciso prosseguir. O caminho mais fácil nem sempre é tão fácil assim. O caminho que parece mais difícil, talvez, lá na frente, traga resultados satisfatórios - mas ficar prevendo o futuro também não faz parte dessa caminhada. O que importa, nesse momento, é o fluxo, é o deixar-se levar, é o destravar, é o esvaziar, é o transbordar, é a liberdade, é a libertação. Nada de voltar atrás. O rio corre para frente. Chega de nadar contra.

Levem-me, águas tranquilas, e ensinem-me a ser mais leve, a ponto de flutuar...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Éramos

We Were Lovers
Jean-Jacques Burnel

Harsh words were said
And lies were told instead
I didn’t ever mean to make you cry
But love can make us weak and make us strong
And before too very long
I was totally in love with you

I bathed in you
Lost in you

Captivated by you
Amazed by you

Dazed by you

Nothing can go wrong
Nothing can go wrong


So tonight I’ll sing a song to all my friends
Also to those we won’t be seeing again
To those I knew and those I still adore
And I want to see once more
I just pray that you will love me and trust me
Laugh with me and cry with me
Spend those silent times with me

Love me evermore
Love me evermore

You and I were lovers
Our dreams were not soured by life
And then my friends' betrayal
Meant you never would be my wife

Harsh words were said

And lies were told instead
I didn’t ever mean to make you cry
But love can make us weak and make us strong
And before too very long
I was totally in love with you

I bathed in you
Lost in you

Captivated by you
Amazed by you

Dazed by you

Nothing can go wrong
Nothing can go wrong...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Aquela paz


Lembra quando éramos só nós dois? Não discutíamos. Curtíamos cada momento, mesmo que ficássemos calados. Só de estar perto já era o suficiente. Havia paz. Um dia, tudo acabou, mas não foi de repente. Depois de toda aquela paz, houve vários tsunamis. Inundaram nossas vidas com desespero, desesperança e inquietude. Foram momentos turbulentos, que eu pensei que nunca passariam. Hoje posso afirmar que a quietude voltou, que os tsunamis acabaram, que os vulcões pararam de explodir, só que nós também nos perdemos. Em meio às ondas, cada um foi levado para um local, e talvez tenhamos pensado um no outro, imaginando o que teria acontecido. Essa fantasia, alimentada pelos longos anos, foi desfeita no momento em que nos encontramos novamente. Foi preciso um longo e árduo caminho para eu perceber que você era somente uma doce lembrança de dias maravilhosos, e que trouxeram um engrandecimento à minha vida. Eu me tornei mais pacífica, mais reflexiva, mais sensível às sutilezas, mais flexível, mais paciente. Na época dos tsunamis, perdi parte dessas lições aprendidas com você, mas, agora que aquele período passou, eu quero voltar a experimentar aquela paz que você me ajudou a descobrir. Agora sei que posso. Estou livre de algumas situações e de algumas pessoas que me impediam de ser aquela que você ajudou a construir. Agradeço por você ter surgido em minha vida e por não ter me abandonado (ainda que mentalmente), mesmo quando eu tentava esquecer você. Eu tentei arduamente, mas foi em vão. Tive que conhecer outras pessoas para, ao menos, tentar. Hoje eu sei que esquecer o que você representou para mim é impossível. Eu não queria amar você, mesmo estando com outras pessoas, e me esforcei muito. Vejo, agora, que não era necessário ter feito tanto esforço. Só me fez sofrer mais, pois o sentimento, enfim, passou, mas sua lembrança ficou e, com ela, tudo de bom que ela representa. Já não nos amamos mais, no sentido romântico do termo, mas as lições aprendidas, isso não posso (e não vou mais tentar) esquecer. Eu tentei apagar tudo, quando, na verdade, era só deixar transbordar o que eu sentia para chegar ao ponto a que cheguei hoje: de só restar o que era bom. Talvez você nunca leia isto aqui, mas, de alguma forma, eu sei que você sabe. Obrigada por, mesmo de longe, transmitir a paz de que necessito para lembrar-me de quem gosto de ser.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Uns dias...

Uns Dias
(Paralamas do Sucesso)

O expresso do oriente
Rasga a noite, passa rente
E leva tanta gente
Que eu até perdi a conta
Eu nem te contei
Uma novidade quente
Eu nem te contei
Eu 'tive fora uns dias
Numa onda diferente
E provei tantas frutas
Que te deixariam tonta

  Eu nem te falei
Da vertigem que se sente
Eu nem te falei

  Que eu te procurei
P'ra me confessar
Eu chorava de amor
E não porque sofria
Mas você chegou, já era dia
E não 'tava sozinha

  Eu 'tive fora uns dias
Eu te odiei uns dias
Eu quis te matar...