quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Mortos e vivos
Algumas vezes, você quer ressuscitar os mortos, mas não é possível. Mortos estão mortos, por mais que você tenha esperança de que sejam somente corpos em coma esperando um sinal de sua parte para que vivam. Normalmente, o que morreu, morreu. Não adianta ter esperanças com aquilo que já estava fadado a morrer. Dói, é sofrido, mas já era. Aí vem a negação, que, às vezes, demora... O luto não é fácil, principalmente o simbólico, aquele que você sabe que as pessoas estão vivas, mas que não há mais jeito de ressuscitar nenhum tipo de relação. Talvez esse fato, o de as pessoas estarem vivas, traga falsas esperanças de que algo vá ressurgir, mas é pura ilusão. É melhor continuar com o processo de luto até a fase normal desse lamento passar e tudo ficar restaurado. Às vezes, é demorado, mas é preciso continuar firme e não recuar. Negar que a "morte" ocorreu é muito pior do que aceitá-la e tocar a vida para frente. Um dia a dor vai passar e você sairá fortalecido da experiência. O importante é ter consciência de que é um processo longo, dolorido, mas necessário. Ressuscitar mortos só traz mais sofrimento e abre feridas já ou quase cicatrizadas... Talvez eu esteja apegada a um velho provérbio: "não importa o quanto você andou pela estrada errada; volte". Talvez eu queira fazer movimentos de consertar as coisas, de voltar atrás e dizer, "ei, vamos sarar essa ferida direito", mas esqueço que, ao lidar com outro ser humano, as probabilidades são inúmeras. Cada um age, pensa e sente de um jeito. Meu mecanismo é esse, de consertar, acertar, esgotar as possibilidades para que tudo fique harmônico, mas algumas pessoas preferem deixar a bagunça para trás e ir embora em vez de consertar o quebrado (e eu, que me achava tão prática, ajo diferente quando o assunto é ser humano...). Quando é um caminho "errado" que você mesmo trilhou, acho válido voltar atrás e fazer algo novo, mas há pessoas que preferem continuar pelo tal caminho, tentando achar atalhos que as levem a novos rumos. Também já fiz isso, pois algumas estradas não são de mão dupla, mas, ao ficar presa em dead ends, apelei para um escape vindo de cima (as estrelas não são o limite...). O problema é que, quando é um caminho partilhado, você precisa fazer uma escolha e, quando a decisão não é unânime, você sempre acha que algo poderia ter sido feito de forma diferente, mas cada um escolhe o que fazer, os rumos são separados e você declara algumas pessoas como oficialmente mortas. Quando isso ocorrer, repito: o melhor é não tentar ressuscitá-las. Ao fazer isso, talvez você esteja imprimindo seu próprio atestado de óbito em vida. Não sofra pelos que não querem sua atenção. Valorize-se. Há muitos vivos ansiando por um cantinho do seu olhar e pelo brilho do seu sorriso. Mostre-se e você verá que tempo e espaço contribuirão para que sua luz ilumine o caminho de outros, e vice-versa. Há muitas estradas a percorrer e trilhas a escolher, mas a atitude é toda sua.
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
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