sábado, 10 de janeiro de 2015

Selfie

2015 tem me trazido muitas reflexões. Além dos planos e ideias, os pensamentos sobre minha vida, sobre meu comportamento, sobre minha forma de lidar com situações e pessoas têm aflorado e feito com que eu repense e veja tudo isso sob ângulos diferentes. Às vezes, nós nos acostumamos a pensar, a falar e a agir do modo habitual e não nos permitimos pensar com ousadia. Sabe o que acontece? Temos medo! Medo de admitir nossos erros, nossas falhas, nossas limitações; medo de ferir nosso orgulho; medo de sofrer; medo de perder. O medo escraviza, e é preciso ser corajoso para dizer que errou, que pensou ou sentiu demais (ou de menos), que se enganou, que não quis fazer algo para não "perder ponto" com as pessoas. É preciso audácia para olhar-se no espelho e dizer o que mais se tem medo de ouvir e, em seguida, sentir o arrepio do inevitável, o choro preso na garganta, chamar-se de idiota por ter acreditado demais, ter medo do próprio olhar inquisidor... Depois disso, os ombros descansam de tanto peso, a expressão fica suave, o rosto em lágrimas dá lugar a um sorriso e a uma condescendência materna que emana perdão em cada movimento. Não é preciso ter medo de si mesmo. Todas as perguntas e todas as respostas estão ali, dentro de nós. É só ter a coragem para fazê-las, e mais coragem ainda para respondê-las. Receber as respostas como elas vêm e lidar com isso. Passar pelas lutas e pelos lutos. Não negar o sofrimento que isso causa, mas não viver atormentado por ele. Reerguer-se - mais forte, mais preparado, pronto para novos acontecimentos (bons e ruins), mas sem se deixar contaminar por outros reflexos que queiram interferir no diálogo eu-eu. Só o eu sabe de si, e é só ele, no olhar recíproco do espelho, que pode dar as respostas satisfatórias.

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