sábado, 20 de junho de 2015

Indo

Tudo vai ficar para trás. Na verdade, já ficou - mas você insistiu em permanecer, em ficar onde já não mais pertencia. Na verdade, nunca pertenceu. Nasceu em outro local, brotou em outras terras, rodeada por outros ares. Nunca foi aqui o seu lugar. Algo precisava ser feito aqui, mas parece que o tempo encerrou. O ciclo fechou. Só resta a partida. As despedidas discretas começam e, a cada dia, um novo adeus. Você se desconecta a cada passo e vai caminhando livre, rumo a novos horizontes. Seu espírito não aceita grilhões. Você não pertence a lugar nenhum - e a todos, ao mesmo tempo. Essa é sua probabilidade quântica. Talvez a estrada seja seu lar - talvez... Um dia, você descobrirá: quando chegar a algum lugar e queira ficar - mas talvez isso dure tempo suficiente para você ouvir novamente o chamado da estrada. Olhe para cima e deixe as estrelas guiarem seu rumo. Rode a bússola e dê um passo adiante. Norte, sul, leste ou oeste: o que importa é ir, sem se deixar prender levianamente por coisas ou pessoas que não valorizam sua permanência. Fique porque quer. Vá porque quer. O que importa estará sempre com você, num recôndito particular, como um tesouro inigualável que não pode ser roubado. Vá e/ou fique - mas sempre por vontade própria.

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